Som da semana: Funke'n'stein - That's Funk!!

Wednesday, December 22, 2010

Quero uma vida em forma de espinha

Quero uma vida em forma de espinha
Num prato azul
Quero uma vida em forma de coisa
No fundo dum sítio sozinho
Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos
Em forma de pão verde ou de cântara
Em forma de sapata mole
Em forma de tanglomanglo
De limpa chaminés ou de lilás
De terra cheia de calhaus
De cabeleireiro selvagem ou de édredon louco
Quero uma vida em forma de ti
E tenho-a mas ainda não é bastante
Eu nunca estou contente


BORIS VIAN
Canções e poemas

Parece-me a mim que uma grande questão da humanidade é não saber distinguir os contentes dos descontentes...

Tuesday, December 21, 2010

...coisa e tal. Crónica de uma reflexão

A década que vamos concluir foi para muitos uma amalgama de emoções. Talvez para outros nem por isso. O que é certo é que o número de "bombistas suicídas" que há em nós tem vindo a aumentar. As explosões de emoções desenfreadas sem controlo são na maioria das vezes, responsáveis pela desarmonização entre as gentes. Se Damásio reformulou o pensamento de Descartes duma forma construtivista "Se sinto e existo, logo penso" ou uma coisa do género..., porque não uma pequena reflexão sobre o assunto?! Talvez o problema esteja no  próprio medo de pensar nas coisas e ser traído pelos pensamentos. O apego à área de conforto continua a impedir a clarividência dos bons propósitos.
Continuo a defender a auto-reflexão regular e a dissecação dos nossos actos num pequeno e inofensivo acto íntimo, de vez enquando. Eu sei que a consciência, essa libertina promíscua do tempo, nos trai e engana enquanto o Diabo esfrega um olho. Tranforma-nos em fantoches articulados sem consciência numa passerelle de medos, enganos, dúvidas, dramas e subterfúgios. E o pior, são representações escancaradas mal disfarçadas por manipulações dilatórias servidas em travessas frias e mal compostas. E tudo isto, porque as emoções pesam mais nos comportamentos que a razão.

Antagonismos e coisa e tal

Eu coisa e tal
Tu coisa e tal
E o nós?
Tão bem que ficávamos num casulo, numa nóz.
Se tu coisa e tal
Então eu coisa e tal
E os dois?
Tão bom seria dançar no antes e no depois.
Mas eu sou coisa e tal
Porque tu coisa e tal
Mas já fomos!
Que raiva, que desconsolo
porque raio coisa e tal
é aquilo que somos!?

Monday, December 13, 2010

Neste Natal ofereça Soul...

DrFunkenstein tem o prazer de apresentar esta grande surpresa da Soul portuguesa de seu nome Aurea. Uma bela alentejana que já cá canta e encanta vinda de Santiago do Cacém (bela terra) no blog da boa onda. E lá vem a inevitável frase: O que é nacional, é bom!
Se ainda não sabes o que oferecer este Natal, oferece a "alma" de AUREA e deixa-te embalar ao ritmo da soul.



"Detentora de voz poderosa e cativante, apesar dos seus 23 anos, Aurea tomou de assalto as ondas hertzianas nacionais com o single de estreia “Busy (For Me)”, que faz parte do alinhamento do seu álbum de estreia, homónimo, lançado a 27 de Setembro de 2010.
Aurea tem a voz do tamanho do mundo e a sua música também não conhece fronteiras. O talento de Aurea para cantar é inato e um dom que não escolhe qualquer um. No entanto, a ajuda da família (que desde sempre esteve ligada à música) foi fundamental no fortalecimento dos laços afectivos por esta área artística.
A frequência no curso de Teatro da Universidade de Évora foi o despertar de Aurea no sentido de uma carreira musical. Juntamente com Rui Ribeiro, estudante de música naquela escola, Aurea ressuscitou um sonho há muito adormecido e que havia sido substituído momentaneamente pelos estudos teatrais. Rui Ribeiro foi o responsável pelas letras dos 9 temas originais deste álbum, um registo pop/soul mas com várias nuances de diversos estilos musicais. Tal como Aurea, este trabalho é musicalmente eclético. A produção deste disco esteve a cargo de João Matos e Ricardo Ferreira. A este último coube também a direcção musical, juntamente com Rui Ribeiro.
As influências desta alentejana de Santiago do Cacém, que residiu muitos anos no Algarve, vão de Aretha Franklin a Joss Stone, passando por John Mayer e Amy Winehouse, estendendo-se a James Morrison e Zero 7. Mas Aurea quer reclamar o seu lugar no mundo da música. E se há alguém que pertence a esse mundo com todo o mérito é ela.
“Busy (For Me)” marca a toada deste primeiro registo, contagiante e eclético, que tem na voz de Aurea o seu fio condutor. Para fruir, mais ou menos lentamente, mas sempre intensamente. " no My Space
Para saberes mais clica aqui.

Saturday, December 11, 2010

Uma mensagem de Natal

Bem sei que já era tempo de lançar aqui umas palavras salteadas, às rodelas, com aqueles temperos que te fazem esboçar sorrisos, levantar o sobrolho ou até quem sabe, fazer-te balbuciar um « está bem!...» sensaborão. Sim, falo precisamente contigo que estás a ler isto neste momento, sejas tu quem fores.
Não é por falta de tempo nem de vontade mas se alguém conhecer o que é a falta de paciência e criatividade que lance a primeira pedra. Uma espécie de cansaço da época, como algumas frutas. Tenho andado à deriva no mar das palavras à procura duma ilha onde atracar com o meu barco de ideias. Às vezes parece que tenho um furo no casco e quando penso que é desta, já se esvaziou e se depositou nas profundezas. Pouco resta para escrever...
Deves estar a pensar que estou a atravessar uma crise existencial. Não! Nada disso. Nem me sinto na obrigação de ter que debitar coisas engraçadas para entreter quem vier ou para exacerbar o meu ego de pseudo-escritor que até, há quem diga, que escrevo umas coisas giras.
O certo é que a quadra que se adivinha continua a martirizar-me o sub-consciente desde o dia em activei o consciente, era eu um catraio... e sou invadido por um misto de sentimentos cruéis que se degladiam entre o mundo das trevas e o reino dos céus. O bem, que paira no ar e contagia o espírito das gentes mas com prazo de validade, veste o seu fato de cordeiro com design bíblico e lá vai harmonizando o trato de quem se cruza e faz questão de partilhar o seu desejo de Feliz Natal enrolado em papel de embrulho amarelo. O mal, esse, ao menos não provoca tanta estranheza já que o vejo todos os dias e não o consigo evitar. Talvez seja a minha luta e a de muitos, na procura de uma arma secreta que lhe subtraia as forças. Provavelmente está mesmo à mão de semear mas parece-me que o sentimento de vergonha e conformismo colectivo se tem apoderado da situação.
Não fazer nada ou simplesmente lançar-se no abismo da inevitabilidade deixa-me inevitavelmente, enjoado. Mas porque raio continuamos a tropeçar em "vacas sagradas" nos campos do cinísmo pastoral?
O Natal devia celebrar o nascimento do ímpeto pró-activo em cada um de nós ao longo de todos os dias do ano e não, never, no way, pero no coño o oportunismo comercial que nos deixa angustiados numa corrida contra o tempo em busca de remédios para a consciência disfarçados de presentes. Mas temos pena!...
Mas não quero deixar a ideia que sou um ogre alheio a este espírito. Sou um sentimentalão convicto e até porque se cruzou na minha vida uma bela mãe Natal que me convidou para um presépio ao vivo. Com ela vieram duas duendes que fazem com que a minha caverna seja calorosamente agradável, enfeitada com um pinheirinho verde carregado de bolas, bonecos simpáticos e laços de ternura. E são estes laços, tricotados com o mais fino e puro dos sentimentos que me empurram para a fábrica do Pai Natal e para que na noite de Natal, me reconforte o facto das minhas princesas estarem seguras e protegidas do mal, brincando felizes e contentes com aqueles brindes que a sorte lhes trouxe enquanto o bolo Rei ainda vier recheado.

Felizes dias! Antes, durante e depois do Natal.
(R.B.)