Som da semana: Funke'n'stein - That's Funk!!

Sunday, November 27, 2011

Tenho a minha página em branco...

«Tenho a minha página em branco»

Tenho uma página em branco
e por enquanto não há muito a fazer.
Quem sabe um dia sem esperar,
me aparece uma luz no ar
dizendo o que tenho de escrever.


O sol já tratou de amarelá-la
e a chuva lançou-lhe a humidade.
Mas a página continua à espera
das palavras que não chegam,
sejam de mentiras ou de verdade.


Já faz tempo que virei a página
e ainda assim continua vazia.
Não é ela que é culpada
de uma inspiração desnorteada
que mudou da noite para o dia.
(...)

DrFunkenstein (Rui Beato)

Agora a versão "imaculada" do grande e grandioso Jorge Palma saída do álbum «Com todo o respeito»:

Tuesday, November 22, 2011

Assim fosse...assim seja...assim há de ser... "I Would Love To"

Luisa Sobral, mais uma nova voz que entrou para a sound list de luxo de DrFunkenstein para preencher os serões; o retiro do guerreiro ao fim do dia ou mesmo as viagens ao mundo dos pensamentos... Uma voz doce, ternurenta e com aquele toque especial do jazz melancólico mas bem gostoso de ouvir. Uma "espécie" de versão portuguesa da sueca Lisa Ekdahl. Mas o que é nacional  também é muito bom! Parabéns Luisa.



Monday, November 14, 2011

Um dia quase perfeito...

E para hoje, o fim perfeito para um dia quase perfeito.
Depois de dois "resgates" inesperados, ilustrados por uma série de palmadinhas nas costas e outros tantos "empurrões morais" a tipos que, apesar de nunca ter visto, me fizeram sentir uma espécie de super herói do acaso sem nunca saber bem o que isso é... reconheço que são coisas de uma espontaneidade que, felizmente ainda não consegui domar. Rudyard Kipling (famoso escritor inglês do século passado) já dizia: «Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes, e, entre Reis, não perder a naturalidade (...) tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, (...)
O certo é que já tinha acordado com a estranha sensação de que hoje estava disposto a salvar o mundo, mas pensei: - que se lixe! Fica para a próxima. Nem estou nos melhores dias e mais dia menos dia, vai dar ao mesmo. A palavra erro saltou-me à vista como um neon fluorescente que piscava intermitentemente a cinco palmos dos olhos. Depois, percebi que a insignificância de um pequeno gesto se revelou uma dávida significativa para outros. É caso para dizer que, o mais importante não é ficar à espera de agradecimentos mas fazer com que os outros se sintam agradecidos.



"Se nunca estivermos preparados para errar, nunca fazemos nada de original."
Ken Robison

Friday, November 11, 2011

11-11-11 Cap. i. cua. (com cabeça e cauda...)

Por detrás de uma capicua, um número simétrico, arrumadinho, numa estrada de dois sentidos, continuará a haver a desordem, o caos, a incerteza da matemática no comando das estatísticas da vida. Os cérebros funky continuarão iguais a si próprios: processando a vida apenas com a certeza de que o Sol nasce para todos, todos os dias, sem esperararem pelo clichê do "verão da época da castanha assada".  Chapéus há muitos, assim como falsos S. Martinhos... com cérebros em forma de castanha estalada.
Alerta: as castanhas em excesso produzem gases nocivos a olfatos mais sensíveis. O conselho é regar bem com jerupiga ou água-pé, numa comunhão perfeita de aromas e boa disposição ;)
Um funky dia de «bonsgustos» porque de magustos já estamos fartos.


Sunday, November 6, 2011

O «Funk» também é isto, mas noutro registo. Hoje, no P de Pai.

Beijos E Papas De Leite de Jorge Palma, do album É Proibido Fumar. (Convém!!...) Um hino ternurento à paternidade... porque ser Pai é isto mesmo. (Mais um post melancólico ao sabor do som da chuva envolvido em memórias frescas, sarapintadas com muita ternura. Hoje, é o que vai na alma.)



"...Ela dá-me beijos
E papas de leite
Faz-me um chapeuzinho
Com as nuvens do céu

Põe na minha boca
A cara de seda
E canta comigo
Para eu não chorar

Não chores, não chores,
Com os olhos em mim
Toma mel, menininha,
E a tua boneca
Peço a deus arco-íris
No céu para ti
E solinho para sempre


Ela abraça-se a mim
Em noites sem sono
Ela tem de chorar
Com as dores de crescer


Que sonhos terá
Nas primeiras noite
Quando me chamar
Pelo nome dela?


Eu vou dar-te beijos e papas de leite
Muitos mimos e doces para comprares por ti
Hás-de rir pela rua
Mais alto que eu
A crescer sozinho


Ela dá-me beijos
E papas de leite
E boas razões
Para me ter nascido


E a nossa cara
Com lustro de seda
Até se fanar
Até se fanar..."

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 Mensagem de Arthur da Távora (a qual subscrevo inteiramente...)
«De todas as minhas modestas dimensões humanas, a que mais me realiza é a de ser pai.
Ser pai é, acima de tudo, não esperar recompensas. Mas ficar feliz caso e quando cheguem. É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão. É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância (mas compreensão) com os próprios erros.

Ser pai é aprender, errando, a hora de falar e de calar. É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois. Mas jamais falar no momento preciso. É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte. É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.

Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez.
É esperar. É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo. Portanto, é aguentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, procurando protege-los sem que percebam, para que consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai é: saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir.
Falar e dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói. Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar. É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher, ainda que não seja em vida. Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão. Mas ir às lágrimas quando chegam.

Ser pai é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho, sempre como influência, jamais como imposição. É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho. É saber brincar e zangar-se. É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.

Ser pai é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja, projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender; de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão que abre a gaiola, amor que não prende,  fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio. O máximo de convivência no máximo de solidão. É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele,não necessita para viver. É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante. »



















Wednesday, November 2, 2011

...ao fim do dia.

« O melhor perfume é o do pão;
o melhor sabor, o do sal;
o melhor amor, o das crianças. »

Graham Greene