Som da semana: Funke'n'stein - That's Funk!!

Saturday, April 12, 2008

Eu, pessoa e o Pessoa, cúmplices por universos paralelos...

Há tempos atrás enquanto lia alguns poemas de Fernando Pessoa, deparei-me com um, deveras interessante. Ao lê-lo senti que por vezes deveríamos parar e apreciar essa sustentação, quer no espaço quer no tempo, simplesmente respirando no vazio e absorvendo todo o momento de forma livre e independente. Sem julgamentos ou suposições, sem pensamentos ou intuições. Descendo apenas à mais pura forma de estar vivo. De olhos fechados, respirar no escuro e sentir o ar unicamente, acariciando o próprio corpo, abandonado pelo cérebro enquanto máquina pensante... Saber viver o presente e esperar o futuro sem rastro do passado.
É possível encontrar o Funk no silêncio, na inocência e na pureza, apesar de todas as suas conotações implícitas.

Mas o Funk de que vos quero falar, "oiçam" que eu vou contar:
É o picante mas também o mentol.
É a loucura mas também uma identidade.
É um estilo próprio na acção mas também o pode ser na inacção.
É o distúrbio em si, mas é cúmplice na paz que procuras em ti...
É a reacção, a revolta, a inquitação e ao mesmo apenas só uma única sensação.
É o sexo, o erotismo e o singelo; é um ideal do groove e do belo.
É uma força que existe e que se sente, e jamais como uma religião que mente...
É a expressão da Liberdade e o ser-se livre pela Verdade.
É um sinal sonoro de um certo Tom que ao ouví-lo dir-se-á que é mesmo Bom!!
Pode ser uma filosofia mas está longe de ser Utopia.
É qualquer coisa fora do além mas que nem toda a gente tem...
É um estado de espírito permanente pra quem está muito à frente, apesar de certa gente...

Sim!
Eu confesso...sou Funky, sou um Funkenstein!! E sei que não o digo à toa.
Se em mim loucura virem ou desvairo pressentirem, é pena.
Pois assim como eu há tantos,
Pelo menos havia o Pessoa.

E agora "give it to me" Pessoa my man...

"Liberdade"
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está distinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa








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